Mulher ao volante perigo constante. Será?

O texto traz um breve olhar sobre a longa jornada dessa relação mulher e trânsito, foi em 1885 que a primeira mulher conduziu um automóvel, a alemã Berta Benz, esposa do fundador da Mercedes-Benz e desde então não pararam mais. Elas também contribuíram para uma melhor qualidade na forma de conduzir um carro, como a americana Mary Anderson, que em 1903 inventou o limpador de pára-brisa utilizado até hoje. 


Desde nossos ancestrais é perceptível entres homens e mulheres as diferenças comportamentais, determinando tarefas e funções para sobrevivência. Como os homens eram os caçadores eles precisavam explorar os aspectos que o cérebro poderia oferecer, como a percepção espacial, que é mais desenvolvida do que nas mulheres. Estas por sua vez despertaram o lado cerebral da proteção e cuidado, uma característica trazida até hoje, sendo bastante visível no trânsito. 


Como vimos, não é de hoje que as mulheres demonstram uma conexão com o mundo automobilístico e do trânsito, como a Duquesa Anne d’Uzés que foi a primeira mulher a obter habilitação para dirigir na história, em 1898 na França. Também foi a primeira mulher a receber uma multa de trânsito, pois ela trafegava a 15 km/h e o limite permitido nas ruas era de 12 km/h. Isso mostra que até para ser transgressora a mulher é muito cuidadosa demonstrando essa seguridade para encarar a direção veicular e o trânsito.


No Brasil as pioneiras a conseguir habilitação para dirigir foram Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling no ano de 1932 em Vitória (ES). Schorling conseguiu ainda a habilitação para motos em 1933, esse feito despertou as mulheres, mostrando ter condições, capacidade e habilidade para exercer um ótimo desempenho como condutoras. 


As diferenças comportamentais entre homens e mulheres são bem visíveis na dinâmica do trânsito, o homem é mais dominador, agressivo, ágil, compulsivo para velocidade, enquanto a mulher é mais passiva, cautelosa, conduzindo com prévio planejamento e segurança, mantendo uma tendência mais respeitosa no trânsito.


Quando nas brincadeiras das rodas de amigos começam as comparações e se questiona o desempenho dos homens e mulheres, surgem logo as piadas e comentários sobre quem dirige melhor. Observando os dados estatísticos mais recentes do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), dos mais de 60 milhões de motoristas no Brasil, quase 20 milhões são do sexo feminino, 71% dos acidentes são provocados pelos homens e apenas 11% pelas mulheres, sem contar que 70% das multas são para motoristas do sexo masculino.


Basta observarmos nos dados estatísticos que a mulher é dotada de características próprias ao enfrentar a direção veicular e o trânsito. A mulher pode parecer mais lenta na dinâmica do trânsito, mas isso não desvaloriza a sua capacidade como operadora de máquinas sobre rodas. Então, como ficam os questionamentos mulher ao volante perigo constante? Será uma questão apenas de uma competição pueril entre homens e mulheres? Questionamentos a parte, o que devemos levar sempre em consideração é a dinâmica no trânsito, onde cada um pode oferecer o melhor para obter o melhor.


Caruaru-PE, 2 de dezembro de 2017.


MELISA PEREIRA - Psicóloga Clínica, Organizacional e Trânsito.


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